Trabalho é uma parceria entre a Prefeitura e a Acuda
A música, como ferramenta de resgate e integração social, está fazendo a diferença na vida de 22 reeducandos que se encontram em regime fechado nos presídios Aruanã e Vale do Guaporé, localizados em Porto Velho. Eles estão participando do projeto intitulado “Vozes que Encantam”, idealizado por professores da Escola Municipal de Música Jorge Andrade. Com isso, os reeducandos formam um coral que está ensaiando músicas de Natal.
A ação é uma parceria entre a Prefeitura de Porto Velho e a Associação Cultual e de Desenvolvimento do Apenado e do Egresso (Acuda). O nome “Vozes que Encantam” foi escolhido pelos participantes. Ele foi idealizado como ferramenta para contribuir no processo de reintegração dos detentos à sociedade.
“Junto com os professores Dirceu e Nonato, além do apoio técnico da Hilda, tivemos a ideia de criar esse projeto aqui na Acuda como uma contribuição social, pois a música exerce um papel muito importante”, explica a professora Rosicleia Barbosa, coordenadora e regente do coral.
Para a titular da Secretaria Municipal de Educação (Semed), pasta gestora da Escola de Música, Gláucia Negreiros, esse projeto além de resgatar a autoestima dos reeducandos, é também um espelho para outras gerações. “A Semed tem como fundamento essa inclusão através da educação, seja cultural, musical ou escolar. Estamos orgulhosos pela iniciativa dos professores em levar esse conhecimento do mundo musical e abrir novas portas para essas pessoas, oportunizando um novo futuro”, refletiu.
AUTOESTIMA
O projeto iniciou em agosto deste ano, com a finalidade de que a música desperte nos reeducandos o resgate da autoestima, autonomia, e da autoconfiança. O objetivo é de que eles tenham um motivo a mais para se reintegrarem novamente à vida social, após o cumprimento da sentença.
AULAS
As aulas são ministradas duas vezes por semana, na quinta e na sexta-feira, das 13h às 16h. “Iniciamos com um momento de teoria, um momento de técnica vocal e, por último, o momento da prática do canto, quando eles ensaiam as músicas”, explica a coordenadora.
Já as terças-feiras eles têm aula de violão com o professor Rogério Melo, também da Escola Jorge Andrade. “Acredito que todos nós podemos ajudar a contribuir para que pessoas que estejam privadas de liberdade possam ser reinseridas na sociedade de uma forma mais humana”, comentou a coordenadora.
RESULTADO
Rogério Araújo, diretor geral da Acuda, conta que resolveu firmar essa parceria com a Prefeitura com intuito de melhorar as pessoas através da música. Para ele, a música tem um alto poder de transformação. “O resultado tem sido positivo e a gente percebe pelo comportamento dos participantes. São pessoas que ficam mais comunicativas, espontâneas e mais alegres. Antes, eram pessoas tristes, deprimidas e às vezes agressivas. Eles melhoraram muito através desse trabalho com a música”, destacou Rogério.
DEPOIMENTOS
“Essas pessoas acreditam na nossa mudança, depositam confiança na gente, isso faz com que a gente volte a sentir algo bom. Estou achando maravilhoso essa experiência. Vou guardar para a minha vida inteira. É algo que vou passar para os meus filhos”, declarou Álvaro do Nascimento, integrante do coral.
Para João Paulo, que também está ensaiando no coral, o projeto pode mudar a vida de todos que se encontram no sistema carcerário. “Aqui nós aprendemos a verdadeira palavra daquele ditado que diz: quem canta seus males espanta. Querendo ou não, isso muda o nosso raciocínio. A gente se une com outras pessoas e dá mais valor às coisas boas”, comentou.
APRESENTAÇÕES
O grupo já realizou duas apresentações oficiais internas, em novembro e no dia 1º de dezembro, quando os reeducandos receberam a visita de familiares. A coordenadoria do projeto pretende criar uma agenda de apresentações do coral em órgãos públicos como Tribunal de Justiça, Ministério Público e Assembleia Legislativa.
PROJETOS
Além da música, a Acuda desenvolve projetos nas áreas da meditação, massoterapia, cone chinês, yoga, terapia reiki, biodança, auriculoterapia, cromoterapia, cultos religiosos, roda de conversa, dança circular, escalda pés, banho de argila, encontro familiar, gestalt, psicoterapia, constelação familiar, artesanatos e cerâmicas, entre
outros.
Texto: Augusto Soares
Foto: Carlos Sabino
Superintendência Municipal de Comunicação (SMC)